O desenvolvimento pré-natal ocorre em três fases: germinal, embrionária e fetal.
A fase germinal vai da fecundação até duas semanas de vida gestacional. Nesta fase, a célula original do zigoto divide-se (processo de duplicação ou mitose) transformando-se em 800 bilhões ou mais de células especializadas que formam o corpo humano. Enquanto divide, o óvulo fecundado percorre a tuba uterina, alcança o útero e se implanta na parede uterina.
A fase embrionária vai da segunda à oitava semana (quando completa o 2º mês) de gestação. Nesta fase, desenvolvem-se os órgãos e os principais sistemas corporais: respiratório, digestivo e nervoso. O embrião é muito vulnerável a influências nocivas do ambiente, sendo os defeitos constituídos nesta fase (defeitos congênitos) os mais graves. Mas os embriões com defeitos muito graves geralmente não sobrevivem sendo expulsos em um aborto espontâneo.
A fase fetal vai da 8ª semana gestacional até o nascimento. Inicia-se com o aparecimento das primeiras células ósseas. Nessa fase, o feto cresce rapidamente até cerca de 20 vezes o seu comprimento anterior, e os órgãos e sistemas corporais tornam-se mais complexos.
Os fetos respiram, chutam, viram-se, flexionam o corpo, dão cambalhotas, movem os olhos, engolem, fecham os punhos, soluçam e sugam o polegar.
Os fetos respondem a voz e aos batimentos cardíacos da mãe e às vibrações de seu corpo, mostrando que possuem audição e tato.
Os fetos parecem aprender e lembrar. Experiências com bebês mostram que eles preferem seqüências musicais, lingüísticas (idioma, histórias) ouvidas antes do nascimento, preferem a voz da mãe a de outras pessoas.
Influências ambientais: o papel da mãe
O ambiente fetal é o corpo da mãe, por isso tudo que afeta a mãe - seu bem-estar, sua dieta - altera o ambiente da criança e pode afetar seu crescimento.
Nutrição: A desnutrição da mãe pode ter efeitos, a longo prazo, na criança: pode afetar seu desenvolvimento cerebral ou aumentar suas chances de morrer no início da vida adulta.
Se a mulher desnutrida, no entanto, tomar suplementos nutricionais durante a gravidez, ela tende a ter bebês maiores, mais saudáveis, mais ativos e visualmente mais alertas.
A obesidade materna pode provocar defeitos no tubo neural dos filhos, pode também acarretar complicações na gravidez como abortos, morte dos bebês no parto ou após o parto.
A carência do ácido fólico (uma vitamina do grupo B) na dieta de uma gestante pode também causar defeitos no tubo neural.
Atividade física: A prática regular de exercícios moderados previne, na gestante, a constipação, melhora sua respiração, circulação, tônus muscular e elasticidade da pele, o que contribui para uma gravidez mais confortável e um parto mais fácil e seguro.
Condições de trabalho exaustivas para a gestante, no entanto, parecem aumentar o risco do parto prematuro.Drogas: As drogas e os medicamentos ingeridos pela gestante podem atravessar a placenta e afetar o bebê, principalmente nos primeiros meses de vida.
Nenhum medicamento deve ser ingerido durante a gravidez e o parto, a menos que seja essencial para a saúde da mãe ou do filho.
O álcool ingerido pela gestante pode acarretar a síndrome alcoólica fetal: retardo no desenvolvimento pré e pós-natal, má formação corporal e distúrbio do sistema nervoso central. Produz, na primeira infância, fraca sucção, anomalias nas ondas cerebrais e perturbações no sono; na infância, lento processamento de informações, pouca capacidade de atenção, inquietude, irritabilidade, hiperatividade, deficiências de aprendizagem e dificuldades motoras.
O tabagismo das gestantes parece ser responsável por grande parte da síndrome de morte súbita do lactante, pela morte do bebê devido ao baixo peso ou pela necessidade de assistência intensiva da criança de baixo peso. Acarreta também deficiências no sistema respiratório e aumenta o risco de câncer no bebê. Na idade escolar, acarreta, fraca capacidade de atenção, hiperatividade, ansiedade, problemas de aprendizado, comportamentais e neurológicos.
As mulheres dependentes de morfina, heroína e codeína tendem a dar a luz a bebês prematuros, dependentes das mesmas drogas, inquietos, irritadiços, com tremores, convulsões, febre, vômito, dificuldade de respiração, baixa responsividade e baixo peso.
O uso de cocaína pelas gestantes aumenta o risco de aborto espontâneo, prematuridade, baixo peso natal e menor circunferência craniana.
Doenças: Se a gestante tem em seu sangue o vírus de imunodeficiência humana (HIV), causador da síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS), o vírus pode chegar à corrente sanguínea do feto através da placenta. Depois do nascimento o vírus pode ser transmitido pelo leite materno.
Se o HIV é detectado na gestante e essa se submete ao tratamento com o uso de zidovudina (AZT), diminui em dois terços o risco do bebê contrair AIDS, podendo ser até eliminada a transmissão do vírus. Os riscos de transmissão no parto também pode ser bastante reduzido no parto cesariano.
A rubéola contraída pela mãe antes da décima primeira semana de gravidez causa surdez e defeitos cardíacos no bebê (defeitos cada vez mais raros, devido a vacinação contra a rubéola na infância). O diabete, a tuberculose e a sífilis podem causar problemas no desenvolvimento fetal e a gonorréia e o herpes genital podem ter efeitos prejudiciais sobre o bebê no momento do parto. O herpes genital, por exemplo, pode causar cegueira, outras anomalias ou morte do bebê. Também a deficiência da tireóide materna pode afetar o desempenho cognitivo futuro dos filhos. Todas as doenças ou infecções da mãe devem ser controladas ou tratadas para diminuir os prejuízos no bebê.
Idade: Gestantes com mais de 35 anos têm mais chances de aborto, parto de natimorto, parto prematuro, crescimento fetal retardado, complicações no parto e defeitos congênitos.
Intoxicação: Quando a gestante é exposta a um ambiente com substâncias químicas (por exemplo, mulheres que trabalham na fabricação de chips semicondutores), extremos de calor e umidade e radiação, o bebê pode ser afetado. A exposição à radiação pré-natal, por exemplo pode causar: retardo mental, menor diâmetro da cabeça, mal-formações cromossômicas, síndrome de Down, convulsões e baixo QI.
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